O pagode sino-brasileiro
15/02/12 15:11Fabiano Maisonnave, de Pequim
Do alto da Floresta da Tijuca, a Vista Chinesa oferece um dos mais espetaculares panoramas do Rio de Janeiro a partir de um mirante em formato de pagode, armado em bambu e adornado por gárgulas de dragão.
A construção é uma homenagem aos primeiros imigrantes chineses no Brasil, trazidos a partir de 1810. A ideia era de que servissem de mão de obra barata e especializada para o incipiente cultivo de chá no país, na época uma valiosa commodity na Europa.
O projeto não deu certo _um dos prováveis motivos era que o chá verde trazido pelos chineses não era palatável ao gosto local. E como só viajaram homens, a comunidade se dissipou.
No eurocêntrico século 19, era impossível imaginar que a China se transformaria no maior parceiro comercial brasileiro. Mesmo assim, é notável ver que alguns temas daquela experiência seguem em voga.
O Brasil é hoje um dos principais fornecedores de commodities para os chineses. Mas a indústria brasileira se ressente da competição chinesa, beneficiada pela (já não tão) barata mão de obra. Está perdendo espaço no mercado doméstico e tem dificuldades para penetrar no mercado da segunda economia mundial.
No sentido inverso, os imigrantes chineses voltaram a aparecer, aos milhares e desta vez em famílias. Pela quantidade de restaurantes Brasil afora, souberam misturar o tempero local à sua cozinha.
Com a mesma lógica, empresas chinesas investem e ganham cada vez mais importância em setores tão diversos como petróleo, automóveis, telecomunicações e equipamentos para portos e siderúrgicas.
A ascensão chinesa coloca o Brasil diante do clássico dilema do “decifra-me ou te devoro”. Com pouco conhecimento sobre o seu parceiro distante, corre o risco de fracasso tanto no atual esforço protecionista quanto na identificação de oportunidades oferecidas pelo principal motor da economia mundial.
A forma espetacular como a economia chinesa vem crescendo, as dúvidas sobre a capacidade do Partido Comunista de manter o monopólio do poder e o impacto do explosivo mercado consumidor de 1,35 bilhão de pessoas sobre os recursos do planeta são apenas algumas das grandes questões em aberto cujos desdobramentos terão impacto no Brasil e no mundo.
A intenção desde blog, editado desde Pequim, é abordar todos esses temas e outros mais a partir do ponto de vista das relações Brasil-China. Não será um esforço individual: haverá colaboradores com experiências diversas, a serem anunciados em breve. Também reproduzirá, sempre que possível, textos publicados na Folha.
Pagode, é bom lembrar, pode ser tanto a arquitetura oriental de telhados recurvados para cima quanto uma animada roda de samba.
completando a traducao:
depois da dispersao, muitos trabalhadores foram para construcao das estradas de ferro.
Em 1807, com a invasao do exército de Napoleão em Portugal, o príncipe herdeiro de Portugal, Brasil regente D. Joao IV e família real se refugiram para a colônia do Brasil. Brasil era pouco povoada, não havia indústria, a economia estava muito aquém do metropole, Portugal, teria que alimentar o êxodo de nobreza Português, as finanças públicas chegaram à beira do colapso. Fora da crise econômica, D. João VI, decidiu cultivos tropicais, plantadas uma grande área no Brasil e exportados em grandes quantidades para aliviar a pressão financeira. João VI gostava de duas culturas – café e chá.
Ele sabia que as plantações de chá na China eram muito bem desenvolvidos, em 1810 mandou um enviado especial à China para recrutar trabalhadores chineses para vir ao Brasil para ensinar técnicas de plantio, mas foi o governo imperial Qing se recusou.
João VI recrutou em segredo, Macau, Guangdong, China, mais de 400 trabalhadores de chá de alta qualidade ao Brasil.
Essas plantações de chá chinês no Rio de Janeiro, subúrbio havia alcancado um enorme sucesso, no chá de Ba Xizha.
Devido ao excesso de trabalho e não adequacao ao clima quentetropical, em anos, a maioria dos trabalhadores chineses do chá morreram por doencas, o restante d opessoas se dispersaram em outros lugares.
fim de conservar a memória das conquistas destes imigrantes chineses, mais tarde, o imperador D.Pedro, especificamente no Rio de Janeiro mandou construir um monumento, pavilhão hexagonal em sua honra, a vista chinesa.
南美洲的巴西以盛產咖啡和茶葉聞名於世,但人們可能不知道,巴西的茶葉種植業與華人密不可分。為了茶葉,巴西曾在一個多世紀前制定過大規模引進中國移民的計劃。
1807年,拿破侖率大軍攻進葡萄牙首都裡斯本,葡萄牙王儲、巴西攝政王約翰六世率王室成員倉皇逃往葡屬殖民地巴西,葡萄牙殖民帝國的統治中心也隨之遷往裡約熱內盧。當時的巴西地廣人稀,沒有什麼工業,經濟遠遠落后於其宗主國葡萄牙,卻要養活大批逃亡的葡萄牙貴族,政府財政走到了崩潰的邊緣。為擺脫經濟危機,約翰六世採納眾議,決定在巴西大面積種植熱帶經濟作物,通過大量出口來緩解財政壓力。約翰六世看中了兩種作物———咖啡與茶葉。他知道中國的茶葉種植非常發達,於是在1810年專門派遣特使到中國招募華工來巴西傳授種植技術,卻遭到清政府拒絕。無奈之下,約翰六世派遣專人潛往中國廣東、澳門一帶,自行招募了400多名種茶工人,帶著優質中國茶種來到巴西。這些中國人在裡約熱內盧郊區種植園試種茶樹,結果大獲成功,茶樹從此在巴西扎下了根。由於勞累過度和不適應當地的酷熱氣候,沒過幾年,大部分中國茶工都病死了,剩下的極少數人轉往他處謀生。為了緬懷這批中國移民的功績,后來的巴西國王特意在裡約熱內盧修了一座六角形的“中國涼亭”以示紀念。
20世紀初,隨著巴西種植園經濟的發展,土地資源出現嚴重不足。1905年,為緩解土地壓力,巴西政府開始開發亞馬孫平原。亞馬孫平原環境非常惡劣,氣候悶熱潮濕,導致很多勞工因疾病而死亡。開發亞馬孫平原的計劃面臨著因缺乏勞工而擱淺的危險。為解決勞動力不足的問題,巴西種植園主和一些官員紛紛提議引進中國移民,有人甚至建議招募100萬中國勞工。在他們看來,華人移民遍布世界許多地區,以善於開拓著稱。另外,巴西有招募華工從事種植業的先例,這些華工吃苦耐勞的品質很受巴西政府和當地人欣賞。最終,巴西政府採納了招募華工的建議。不久,巴西總統派遣特使來到中國,向清政府提出引進華人移民的要求。但這次清政府的態度更為堅決,它對特使答復道:華僑入海(到海外去),非奸則盜,捉到了當作“浪民”、“頑民”、“亂民”看待,就地斬首。對於引進華人的努力兩次碰壁,巴西人怎麼也不理解,為什麼清政府拒絕的態度如此堅決。原來,自1644年清朝入主中原后,許多亡明勢力流落南洋,清朝統治者將這些流亡海外的華人統統視為敵人。為防止臣民與亡明勢力聯系,康熙皇帝曾數次發布“禁海令”,禁止臣民移居海外。加上當時清朝統治者仍抱著“天朝大國”的心態,他們絕不會公開同意自己的臣民遷往“蠻夷之國”。
無奈之下,巴西人改向日本提出要求,沒想到日本政府十分積極,迅速開始籌備移民工作。1908年6月28日,第一批日本移民781人乘船從神戶起航,前往巴西。此后短短6年間,共有10批約1.5萬人移民巴西,移民們在那裡安居樂業,收益頗豐,並在隨后引發了大規模的日本移民巴西潮。
第一批中國移民的到來可以追溯到1810年,他們不是來種咖啡的,而是葡萄牙人從澳門到來的茶農。最早的中國移民除了在聖保羅州種植茶葉外,還有一部分被帶到當時的巴西首都裏約熱內盧修建鐵路。
Felicitaciones Fabiano, muy buen artículo. Un fuerte abrazo.
Sou Paulistano, morando no Litoral Norte Paulista. Passava férias escolares no Rio e em Niterói e em Cabo Frio e Búzios. TODOS os anos. Conheço bem a VISTA CHINESA, e a estrada que leva a elam que foi construída, a estrada, também pelos chineses, a mando do Imperador D.Pedro I. É UM LUGAR LÍNDÍSSIMO. JÁ TOMEI MUITOS BANHOS DE CACHOEIRA NA BEIRA DA ESTRADA. ÁGUA GELADA E PURA. HÁ JIBÓIAS NAS ÁRVORES. MAS O MAIOR “PERIGO” SÃO OS MACACOS, DE TODOS OS TIPOS. SE VOCÊ DEIXAR A JANELA DE SEU CARRO ABERTA ELES “FURTAM” TUDO, DE COMIDA A CARTEIRAS E BOLSAS. NÃO…NUNCA VÍ UM MACAQUINHO FURTAR E DIRIGIR UM AUTOMÓVEL…AINDA.
estando no rio, so os macacos furtam ? rs …
Fabiano, parabéns pelo blog!!! Precisamos de mais fontes de referência confiáveis. Agora só precisa que seu conteúdo seja traduzido para o chinês!
Sobre o início da imigração, já havia lido que começou em 1810, mas não sei porque o bicenteário será comemorado neste ano.
Caro In Hsieh, obrigado pelo comentário. Sobre a imigração, recomendo este texto em inglês, do historiador Jeffrey Lesser: http://www.tau.ac.il/eial/V_2/lesser.htm
Excelente texto e aponta um problema sério no Brasil: o desinteresse em conhecer bem a China. O que se tem observado em encontros, seminários, reuniões é que mesmo os ditos “especialistas” costumam falar banalidades e não vão a fundo nas questões. Lembro que, por ocasião da ExpoShanghai, muitos representantes do governo brasileiro chegavam lá com data shows para elogiar o nosso próprio governo enquanto os chineses queriam fazer negócios e não estavam nem um pouco preocupados se o Brasil era “de esquerda ou de direita”… Na Universidade tb não estamos formando sinólogos e alguns que se auto-denominam como tal nem pensam em aprender mandarim. Muitos outros países vão nos ultrapassar no relacionamento com a
China.