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por Fabiano Maisonnave

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Os garotos-propaganda do Brasil na China

Por Vista Chinesa
05/03/12 11:28

Jackie Chan transforma berimbau em espada em São José dos Campos (Foto: Embraer - 3.fev.2012)

Fabiano Maisonnave, de Pequim

Duas iniciativas publicitárias bem distintas mostram o aumento do interesse brasileiro pelo mercado consumidor chinês. A Embraer escolheu o ator de kung fu Jackie Chan para propagandear seus jatos executivos. Já o Corinthians quer vender camisas no país com o nome do atacante Chen Zhizhao nas costas.  Esses garotos-propaganda farão o fabricante de aviões e o time do Parque São Jorge mais conhecidos por aqui?

A Embraer, claro, tem uma estratégia mais séria. Depois de vender mais de cem aviões regionais (70% da frota dessa categoria na China), a empresa começou, no ano passado, sua incursão no incipiente mercado local de jatos executivos.

Na parte comercial, os resultados têm sido bons: associou-se à Minsheng Financial Leasing, a maior empresa de leasing de aviões desse tipo na China e, desde então, 16 unidades já foram encomendadas. (Provavelmente serão importadas do Brasil, já que Pequim está atrasando a autorização para que a Embraer produza jatinhos em sua fábrica de Harbin, no nordeste do país.)

A empresa montou também uma campanha publicitária, focando a classe rica, com anúncios em revistas luxuosas e participação em eventos exclusivos. “Para o mercado chinês, a marca está acima de tudo, mais do que qualidade e preço”, me disse, em entrevista em junho, o presidente da Embraer China, Guan Dongyuan.

É dentro dessa estratégia que entra Jackie Chan. No mês passado, o ator de comédias de ação esteve em São José dos Campos, onde recebeu um jatinho Legacy 650 personalizado, o “JC Jet”. Dias depois, o avião (sem o astro) aterrissava no show aéreo de Cingapura.

A escolha do garoto-propaganda foi adequada? Não, responde Zhang Hong, especialista em gestão estratégica da Universidade de Comunicações da China e com experiência em pesquisas de mercado para empresas estrangeiras. “Jackie Chan não tem apelo para as pessoas de alto nível. Para vender aparelhos domésticos, comida, bebida e entretenimento, ele funciona, mas não chama a atenção de presidentes de empresa.”

Uma boa opção, diz Zhang, teria sido Robin Li. Com fama de empreendedor, criou o site de buscas Baidu, hegemônico na China é e o segundo homem mais rico do país.

Na semana passada, foi a vez do Corinthians apresentar seu “embaixador” na China. Com presença zero no gigante asiático, o clube aposta num jogador que está há um ano parado, só jogou uma temporada na primeira divisão do país e jamais foi convocado para a fraquíssima seleção nacional. Pior: os torneios brasileiros não são transmitidos na TV local, e nunca um jogador chinês se destacou no exterior.

Não que o futebol seja um esporte menosprezado pelos chineses. Ao contrário: os  principais times europeus têm uma legião de fãs no país e ganham rios de dinheiro em partidas disputadas no verão.  Mas isso é resultado principalmente da audiência mundial da Liga dos Campeões e de ídolos como Messi e Kaká, este ainda bastante popular aqui.

Chen é apresentado no Corinthians (Danio Verpa/Folhapress 1.mar.2012)

Escolher um garoto-propaganda pode parecer uma questão menor, mas não é. Se o Brasil quiser de fato exportar mais do que commodities ao seu principal parceiro comercial, precisará entender o público chinês. Isso leva tempo e custa dinheiro.

A Embraer pode ter errado no caso do Jackie Chan, mas a empresa tem história e presença permanente na China. Já o neocorintiano Chen está mais conhecido no Brasil do que na própria China após o estardalhaço na chegada (com pouca repercussão por aqui). Se a estratégia do Parque São Jorge der certo, terá sido uma reviravolta maior do que a história da Cinderela.

Mas não acredito em conto de fadas. Aposto que se venderão mais jatinhos Legacy na China do que camisas do Corinthians. Em números absolutos.

About Vista Chinesa

A página Vista Chinesa é uma fonte de informação e análise sobre o principal parceiro econômico do Brasil. Conta com colaboradores calejados com a longa e cada vez mais frequentada ponte aérea entre os dois países e traz reportagens e análises produzidas pela Redação da Folha de S.Paulo, além de comentários do correspondente Fabiano Maisonnave, responsável pela edição.
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Comentários

  1. Alexandre Yamamoto comentou em 14/03/12 at 1:00 pm

    Acredito que a estratégia da Embraer na Ásia seja criar uma imagem continental e acho a escolha do ator correta se considerarmos seu carisma e sucesso.
    Já a ação do Parque São Jorge é inicial. É preciso muito mais investimento para tornar o Corinthians famoso e rentável na China. Concordo que é preciso muito estudo de mercado, mas o plano de internacionalização do time já é louvável pela vanguarda no país. Tomara que dê frutos e outros sigam a mesma direção.

  2. Marcos comentou em 09/03/12 at 11:05 pm

    Muito boa a observação do Fábio. Todavia, Jackie Chen é um cara muito conhecido no mundo todo e é muito simpático. Tem uma imagem boa. Pode não tersido a melhor escolha, mas não vai retirar fatia de mercado nenhuma da Embraer.

  3. Marcelo comentou em 06/03/12 at 8:35 pm

    O interesse da Embraer pode nao ser exatamente o mercado chines. Nao podemos esquecer de duas coisas:
    1 – Jack Chan faz sucesso em toda a Asia (incluindo os emergentes Vietnan, Tailandia, Malasia)
    2 – Na China o mercado de jatos executivos eh muito pequeno. Pela informacao que tenho, demora-se muito (cerca de 2 dias) para conseguir uma liberacao de plano de voo.

    Quanto ao jogador do Corinthians…

  4. José Carlos Araújo comentou em 06/03/12 at 2:06 pm

    Queria eu acreditar nessa iniciativa lá pelos lados do Flamengo. É fato que é puro interesse comércial, mas, na situação financeira que se encontra o rubro-negro, que se busca outras alternativas também.

  5. Carlos comentou em 06/03/12 at 12:58 pm

    Acho que tem que tentar sim uma ideia sem pretenção pode se tornar uma grande ideia melhor que ficar dando soco em ponta de faca como a maioria dos clubes do Brasil fazem.

  6. Jorge Soares comentou em 06/03/12 at 9:19 am

    Desde o final de 2011 estou participando de uma rede social chinesa http://weibo.com/signup/signup.php?inviteCode=2309981653 já tenho 318 seguidores. Os eventos: A visita do Papa, Copa do Mundo e as Olimpíadas devem chamar a atenção do povo chines para o Brasil e principalmente para o Rio de Janeiro

    • alan comentou em 06/03/12 at 3:10 pm

      Visita do Papa? Eu moro na China, viajo o país todo verificando produção, e nunca vi uma igreja católica.

  7. Elias comentou em 06/03/12 at 12:03 am

    concordo, faltou uma pesquisa comportamental, vejam o caso que aconteceu com o Santos com aquela propaganda dos olhos puxados na época do mundial interclubes. Por que não investir em uma parceria com um clube chinês, como fizeram com o Corinthians-PR (acho que o antigo J. Malucelli)

  8. Richard comentou em 05/03/12 at 7:00 pm

    Com meus conhecimentos que 7 anos de vivencia na China me derem, eu poderia ter avisado que isso nao ia dar certo. Mas ninguem perguntou para mim.

  9. Paulus comentou em 05/03/12 at 1:14 pm

    As vendas das camisas do Corinthians na China irão do zero para o negativo quando os chineses souberem das piadinhas (muitas, racistas) sobre o recém contratado “Zizão”. O desconhecimento, falta de tato e a ganância envolvendo a contratação do jogador chinês é chocante…

    • MSilva comentou em 05/03/12 at 8:00 pm

      Exatamente.

    • Carlos comentou em 06/03/12 at 12:57 pm

      Como falar que falta tato se ainda nao foi provado isso. Deixa o cara jogar e depois falemos algo a respeito mania de colocar o carro na frente dos Bois.

  10. Alessandro comentou em 05/03/12 at 1:11 pm

    Gostei da sua matéria pois aponta um erro clássico que é frequentemente estudado nos cursos de marketing; o comportamento do consumidor. Como a Embraer que é uma gigante da aviação caiu nessa? Talvez tenha faltado um olhar mais atento ao publico chines ou esqueceram de ouvir alguém especializado ai na China. O caso conrintiano foi falta mesmo de conhecimento do mercado chines. Querem vender camisas a todo custo e pegam a primeira oportunidade que aparece subestimando o publico chinês. Outras empresas fracassaram em território estrangeiro o Habibs que abriu uma franquina no México e que não deu certo é um caso adicional. As Casas Bahia subestimou o publico do Rio Grande do Sul querendo competir com uma rede local o que também não deu certo. Entender o publico e suas preferencias demanda muito tempo, muita pesquisa e principalmente muito investimento. Não é nada fácil entender um publico que não temos noção de comportamento como o chinês onde culturas e tradições estão muito aquém do nosso conhecimento.

    • Lygia P Macedo comentou em 05/03/12 at 2:51 pm

      Como pesquisadora de mercado, concordo com vc em genero , número e grau!
      Muita lúcida sua visão. Parabéns.

    • DanielG comentou em 14/03/12 at 12:52 pm

      Excelente observação. É difícil o pessoal entender que a não ser que você tenha um produto extraordinário, onde as pessoas não vivam sem, o resto demora para fazer um posicionamento adequado

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