Uma conversa com Wang Shu, o novo "Nobel da arquitetura"
19/04/12 02:24Fabiano Maisonnave, de Pequim
Há muito de quixotesco no arquiteto chinês Wang Shu: em meio à rápida, inédita e, sob vários aspectos, violenta urbanização chinesa, ele oferece um contraponto por meio de projetos relativamente pequenos e distantes de Pequim e Xangai que levam anos para serem construídos. Em vez de vergalhões, usa bambu; para o lugar de mármore importado, restos de construções demolidas. Golias e Davi. Não é à toa que o seu escritório em Hangzhou, tocado com a mulher e meia dúzia de assistentes, chama-se Amateur.
No início do ano, Wang Shu, 48, foi homenageado com o Pritzker, prêmio máximo da arquitetura mundial. Semanas depois, numa entrevista à Folha (publicada originalmente na Ilustrada e disponível para assinantes aqui), ele fez uma análise sombria do processo de urbanização que ainda deve assentar mais 300 milhões de chineses nas cidades durante os próximos 20 anos.
Como a gravamos em vídeo, coloco a entrevista aqui praticamente na íntegra, em mandarim com legendas em português (é preciso ativar o botão cc do Youtube, no canto inferior à direita). Em dois anos na China, foi uma das raras vezes em que senti que o entrevistado realmente falava o que pensa. A edição do vídeo é de Paula Ramón.
Gostei muito da entrevista… realmente a arquitetura é o reflexo da sociedade representada em decisões possíveis dentro de um sistema político… na China, este cenário se mostra bem mais latente do que nos demais países… a questão da escolha dos materiais e sistemas construtivos é uma eterna busca de melhorias da profissão… infelizmente estas melhorias se deparam com a velocidade da demanda e de pressões de um mercado em abertura que acaba devorando a tradição e a cultura de muitos lugares… eu cheguei a ver o uso do bambu para andaimes em Hong Kong… muito boa a briga para o seu uso na solução estrutural definitiva de um edifício… sim… uma combinação de escolhas são justamente o resultado de um edifício que passa a ser um modificador de um mirco-ambiente… parabéns pela matéria, Fabiano!
Viajo regularmente à China e digo sempre aos amigos que o que eu vejo é impressionante ! Não há escalas para poder explicar…Não só nas grandes cidades , Ningbo esta sofrendo esta transformação tanto quanto qualquer cidadezinha do interior chinês… So se ve guindastes e pilares para os trens bala pontes, estradas viadutos e uma arquitetura muito arrojada…Pobre Brasil!.. E de pensar toda vêz que desço nos nossos aeroportos ou mesmo olhando as nossas cidades cinstato que estamos 50 anos no passado em infra-estrutura…Muita boa a materia , fico feliz de saber que há uma preocupação em preservar o que é importante…o resto precisa dar lugar para o novo espaço urbano… E de pensar que um bilhao e trezentos milhoes de pessoas nao precisam viver em favelas e nos aqui com quase 200 milhoes de habitantes ainda nao conseguimos ter estes + de 8 milhoes de Km quadrados bem ocupados….
Leo, mesmo após dois anos na China, fiquei impressionado com Ningbo. Ao lado do museu, acabam de construir um enorme Business District, e a cidade já está conectada pelo trem-bala.
De bizarro, havia um clone do prédio da CCTV de Pequim, de uma tamanho bem parecido. Essa mania de copiar nos incomoda, mas existe uma cultura antiga aqui de valorizar a cópia bem feita.
O lado péssimo é o céu de chumbo, onipresente nas grandes cidades chinesas por causa da poluição aérea, problema sem nenhuma solução à vista, mesmo a médio prazo.
Gostaria de que no futuro, fossem mostradas algumas obras do arquiteto chinês, para que pudéssemos sentir seu trabalho, que é reconhecido fora da China.
Caro Paulo, falha minha, os meus equipamentos de imagem são muito precários e viajei sem fotógrafo ou cinegrafista. Mas há uma boa coleção de fotos feita pela organização do Pritzker neste link: http://www.pritzkerprize.com/sites/default/files/file_fields/field_files_inline/2012-PritzkerPrize-Photos.pdf.
Abraços, Fabiano
O Vista Chinesa mais uma vez oferecendo conteúdo de qualidade aos seus fiéis leitores. Parabéns pela entrevista!
Excelente ponto de vista, parabéns!
Muito bom!
para a informação da foia o “nobel de arquitetura” é o PRITZKER, com o qual especula-se que o wang shu seja condecorado.
Caro Robert, para a sua informação, o prêmio Pritzker, conforme a mátéria, foi recebido pelo entrevistado no início do ano. O “nobel da arquitetura” foi apenas um chamariz para o título.
Pois é… Injeva mata, não é mesmo?…
Parabéns!
Oooops…
Seria muito bom se a entrevista estivesse legendada.
Falta de atenção……
Caro José Maria, você precisa ativar o botão CC (closed caption), no canto inferior à direita. Não faltou atenção: para montar as legendas e subir o vídeo, foram mais de 20 horas de edição!