O mito dos protestos pró-democracia na China em 1989
08/06/12 10:50
Por Eric Vanden Bussche, de Taipé (Taiwan).
A passagem de mais um aniversário do “Massacre da Praça da Paz Celestial” nesta semana seguiu o ritual de sempre: vigílias em Hong Kong e Taiwan, discursos de dissidentes chineses no exterior e artigos na mídia internacional sobre os esforços do Partido Comunista chinês (PC) em garantir que a data passasse despercebida no país.
Mas uma questão fundamental esteve ausente do debate sobre os trágicos acontecimentos de 3 e 4 de junho de 1989, talvez porque geraria um certo desconforto entre os críticos do regime chinês: é correto rotular os protestos de 1989 de “pró-democracia”?
Não é difícil entender por que a mídia estrangeira enxerga as manifestações de 1989 como “pró-democracia.” Durante semanas, estudantes de todos os cantos do país covergiram na praça da Paz Celestial, o coração político da China, para pedir mudanças e debater o futuro. Aos poucos, os protestos ganharam a adesão de outros segmentos da sociedade. Ouvia-se a palavra “democracia” (minzhu) nos discursos. Alunos de uma academia de artes inclusive ergueram na praça a “Deusa da Democracia,” uma estátua que se tornou um dos símbolos do movimento.
Os estudantes atraíram a simpatia tanto dos habitantes da cidade quanto de pessoas ao redor do mundo que assistiam às imagens na televisão. O regime chinês parecia mostrar os mesmos sinais de exaustão que aqueles no Leste Europeu e União Soviética. Mike Chinoy, correspondente da rede norte-americana CNN em Pequim, chegou a comparar os protestos com o movimento democrático-popular que havia derrubado o presidente filipino Ferdinand Marcos em 1986, após mais de 20 anos no poder.
A mídia ocidental infelizmente construiu uma narrativa simplista dos acontecimentos de 1989, retratando um movimento pacífico, pró-democracia, que acabou sendo esmagado de forma violenta por uma ditadura comunista. Essa versão acabou moldando uma percepção dos protestos como uma luta do bem contra o mal, empobrecendo o debate acerca do significado dos acontecimentos naquela época e nos dias atuais.
“Em sua cobertura, os jornalistas ocidentais pareciam copiar os métodos dos historiadores marxistas chineses. Eles reduziram o acontecimento a uma guerra entre opressores e oprimidos,” me disse um professor de história da Universidade de Pequim há alguns anos. “A narrativa do PC sobre as manifestações é quase idêntica à da imprensa ocidental, a única diferença é que os soldados são os heróis, e os estudantes, os vilões.”
Apesar do empenho do PC em apagar da memória coletiva o “incidente de 4 de junho” (como o movimento é conhecido na China), os protestos ainda são discutidos em universidades. Quando realizava pós-graduação na Universidade de Pequim no final dos anos 90, tive a oportunidade de presenciar vários debates sobre o assunto em sala de aula e conversar com pessoas que haviam participado ativamente do movimento. Nem todos compartilhavam a mesma opinião, mas nenhum deles caracterizava o movimento como “pró-democracia.”
Embora os manifestantes frequentemente utilizassem o termo “democracia” em seus discursos, cada um parecia entender o conceito de forma distinta. Um médico que esteve na praça durante várias semanas me disse: “Para alguns, significava maior liberdade de imprensa. Para outros, acabar com a prática de universidades em aceitar filhos de burocratas poderosos do PC e melhorar as condições nos dormitórios estudantis. E para um amigo meu que estudava literatura, era poder tomar uma ducha quente todos os dias”.
Até mesmo Chai Ling (uma das líderes mais radicais do movimento) afirmou, em uma entrevista para um jornalista norte-americano, que achava que os estudantes “não possuíam nenhuma noção de democracia”.
Então, afinal, o que queriam os estudantes? “Estávamos lá porque sentíamos que alguns dos nossos governantes haviam se afastado dos ideais socialistas, que eles não estavam mais preocupados com o povo, que queriam apenas enriquecer” me disse uma tradutora, que na época estudava inglês. “Nós queríamos dialogar (duihua) com o governo para reduzir as injustiças sociais e os abusos de poder. Sob essa ótica, os protestos de 1989 são bastante semelhantes aos de hoje.” Wang Dan, um dos líderes do movimento, assinalou que “nós não queremos derrubar o Partido Comunista ou o socialismo”.
Os manifestantes também almejavam uma distribuição mais justa dos frutos gerados pela política de abertura econômica. Eles estavam preocupados com os efeitos colaterais das reformas: aumento da inflação, corrupção e perda de benefícios sociais antes assegurados pelo Estado. Entrea as sete reivindicações iniciais dos estudantes em 17 de abril estava o aumento da remuneração dos intelectuais e a publicação da renda dos governantes e seus familiares. Wu’er Kaixi, outro líder do movimento, enfatizou que: “Nós não temos o idealismo fanático que nossos irmãos e irmãs mais velhos tinham. Então o que queremos? Tênis Nike e muito tempo livre para levarmos as nossas namoradas para bares.”
Alguns com quem conversei descreveram as manifestações como um local de fuga da rotina cotidiana. Uma professora universitária, que na época realizava sua pós-graduação em russo, resolveu ir à praça na esperança de conhecer o cantor taiwanês Hou Dejian, que havia se juntado aos manifestantes. “Minhas amigas e eu não estávamos muito interessadas em política. Estávamos contagiadas pela euforia do movimento, pela possibilidade de podermos deixar de lado as pressões que faziam parte do nosso dia-a-dia,” me contou, frisando que as pessoas na praça não falavam em derrubar o regime, mas em corrigir certas injustiças. “Mas, quando vi os soldados atirando nas pessoas, foi a partir desse momento que passei a odiar o PC.”
Ao mesmo tempo em que essa professora destilava sua raiva contra o governo pela repressão violenta, ela também não poupava críticas aos líderes estudantis. “Estava muito claro para nós que o movimento não iria alcançar absolutamente nada. Os líderes estudantis estavam sempre brigando entre si. Como que eles iriam dialogar com o governo se ninguém tinha uma estratégia e reivindicações bem definidas?”
À medida em que o movimento crescia em meados de maio, as cisões dentro do movimento se aprofundavam e emergiam novas facções que lutavam pelo controle. Durante uma entrevista alguns anos mais tarde, Wu’er Kaixi lamentou que os alunos perderam oportunidades em negociar com o governo em virtude dessa radicalização. Esses desentendimentos entre as lideranças estudantis contribuíram para o trágico desfecho do movimento na noite e madrugada de 3-4 de junho e sedimentou a narrativa da mídia ocidental acerca dos acontecimentos.
Nas mais de duas décadas que se seguiram, o PC passou a utilizar essa narrativa simplista para nutrir um sentimento antiocidental entre a sua população. Em um artigo publicado em 2009, o jornalista britânico James Kynge _que cobriu os protestos para a agência de notícias Reuters_ argumentou que a insistência do Ocidente em retratar o movimento como “pró-democracia” serviu apenas para reforçar o discurso do PC de que os norte-americanos e europeus continuam interferindo nos assuntos internos do país, se esforçando para impor seus valores aos chineses e para criar obstáculos à ascensão da China como potência.
As feridas abertas pelo desfecho do movimento apenas irão cicatrizar quando todas as partes envolvidas deixarem de lado as suas interpretações simplistas, eivadas de estereótipos. Mas isso provavelmente não acontecerá num futuro próximo.
Eu só gostaria de conhecer alguém destes países comunistas que vivem nos paises de regimes decmocráticos, se eles têm vontade de voltarem para sua terra natal.
Mesmos com as mazelas praticadas pelos corruptos do poder, a democracia ainda é o melhor caminho para a humanidade seguir.
Não devemos esquecer, e precisamos ficar vigilantes que tem muita gente que prega a democracia, mas por exemplo, quando assume a direção de importantes órgãos do governo ou privada sempre luta para se perpetuar no poder. Desta forma eu penso que o nosso país é democrático mas os seus organismos que o compõem são ditaduras, discretas, mas são. Princípios da ditadura existem na democracia, mas não existem princípios democráticos na ditadura. Protejamos nossa Pátria das ditaduras sejam elas quais forem!
diferentemente do japoneses, os estudantes chineses formados no exterior voltam macicamente para china !
seu antonio, ta na hora de se atualizar e rever teus conceitos !
O regime militar ja acabou !
Vou inverter a pergunta:
as familias brasileiras que estao vivendo na China, sera que eles querem voltar pro Brasil agora ?
Pois eu perguntei, encontrei 3 familias num shopping em Shenzhen, ao perceber a conversa entre eles, me enturmei e fiz a pergunta, imagine qual foi a resposta de todos ? NAO.
Justificativas: nao trocaria a seguranca publica, educacao de qualidade para os filhos, emprego, saude de qualidade em HK, civilidade, etc por um voto, alias, obrigatorio, que por si so, nao tem nada de democratico.
Lucas, legal sua pergunta, mas ela acaba contemplando um grupo de pessoas elitizadas que vivem o “chinese dream”, uma china à parte. Há de se concordar que as condições para um estrangeiro e para um chinês não são as mesmas.
A condição de ex-patriado nunca vai ser a mesma que para um local. Sou ex-patriado em Guangzhou e digo: “Sim, não penso em voltar. A segurança pública é um ponto de destaque”. Mas agora me pergunte se eu ficaria na China se não tivesse as condições de ex-patriado: “Não. Não ficaria…”
Outra coisa. HK, Xangai, Shenzhen, Guangzhou, Pequim, Hangzhou… são todas cidades vitrine. São outdoors, são a ponta do iceberg…
Baseado no teu raciocinio, tirando rio e SP, que sao vitrines daqui, o interior do brasil nao teria como ser comparado com ninguem !
Com certeza.
Os brasileiros na China são imigrantes elitizados, ao contrario dos imigrantes que aportaram no Brasil do séc. XX.
São pessoas que vão atrás do melhor estilo de vida que recompense sua alta capacitação profissional. Não vivem de salário mínimo, são engenheiros, representantes comerciais, universitários, técnicos calçadistas, etc.
Se por acaso a China quebrar (vira essa boca…), eles simplesmente vão devolver seus apartamentos e ir em direção da bola da vez. Ou voltar ao Brasil.
Julio: aqui o Valdivia do palmeiras quer ir embora, causa?
violencia exagerada sem solucao a medio e longo prazo !
Realmente, a violência é um ponto fortíssimo e é tratata de forma frouxa por TODOS, pois já virou parte da vida do brasileiro. Vivemos no mito do “brasileiro povo pacífico”.
Inclusive, o que os chineses mais temem quando vão “aventurar-se” em terras brasileiras é a violência.
Julio: alem da violencia no Brasil, veja resultado divulgado pelo ibge sobre servicos públicos basicos em Sao Paulo, que é vitrine do brasil:
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1105710-dados-do-ibge-apontam-qualidade-de-servicos-publicos-de-sao-paulo.shtml
Julio: ontem morreu mais uma num assalto em SP, uma jovem advogada.
Julio: Alem de valdivia, da advogada, agora outro jogador do palmeiras foi assaltado …
Julio: todos os professores das universidades federal, os estaduais e das escolas municipais estao em greve, por melhores salarios e condicoes de trabalho !
engracada a midia nao falar nada sobre isso, pelo menos, nao na intensidade quando fala mal da china !
Coincidentemente estou em Beijing lendo este artigo e seus comentários, muito interessante, mas gostaria de esclarecer alguns pontos. Primeiro e mais importante, a democracia não é a mesma coisa para todos nem todos estão preparados para ela, e justamente na China ainda hoje, a democracia, para a maioria da população somente ocupa um lugar muito distante na preocupação diária.
Sendo que a maioria da população é materialista antes de pensar em religião (fato que ajudou a China a virar potência econômica), os chineses estão mais preocupados no conforto do que na democracia, tanto assim que mesmo os budistas quando fazem seus pedidos a Buda os objetos materiais são muito mais importantes do que pedir fraternidade, igualdade, ou o bem do próximo (eles pedem um carro novo, um par de Nikkes, etc).
Respondendo ao comentário do senhor Becari, os Tibetanos nunca tiveram um pais deles, foram uma etnia separatista para liberar se sim (eram escravos), ajudados pelos monges, que como qualquer outra religião quis também poder tirar proveito e continua ainda hoje falando em independência, permita então lhe fazer uma aclaração, a maioria dos Tibetanos (tenho conversado no local com muitos), não quer de jeito nenhum deixar de pertencer a China, antes não tinham nem para comer, agora o governo chinês não somente da dinheiro mas também constrói estradas, escolas e tudo tipo de infra-estrutura para o futuro deles.
Este é mais um caso manejado pela mídia, onde para proveito próprio se coloca do lado dos coitados opressos como os catalães, palestinos, Tibetanos, e se deixarmos, daqui a pouco os sem teto, sem carro, sem mulher, etc.
conversei com tibetano em tibetano no exterior, parecem dois povos distintos !
O de la eh exatamente como relatado por Mario; e o do exterior tem o discurso americano !
Se o Tibet tem problemas, como a sociedade em castas, não é problema de um país estrangeiro, seja chinês, americano, turco, polinésio, etc. É uma bucha deles e só deles.
Essa resposta é padrão dos chineses e é tão estranha quanto o americano do Tea Party que defende o ‘big stick’ .Às vezes o cara realmente acredita que é só isso que acontece, sem nenhuma nuance.
Pergunta de 1 milhão: se a India não existisse como é hoje, a China teria invadido aquele deserto que é o Tibet?
O que há lá?Afinidade cultural ou dever de”libertar” os párias?Piff…não!
Segurança nacional?SIM!
A quem interessa mais ver o Tibet livre? O Dalai Lama?Não,esse vive no bem-bom dando palestras na UCLA e jantando com o Obama.
Seria a India, então, com quem a China quase entrou em guerra duas vezes? Oié…
Se a China tem problemas, não é problema de um estrangeiro ficar criticando (sem conhecer) !
Que cada um cuide do seu proprio umbigo !
(problemas ja temos demais aqui)
Eric,
seu artigo é muito esclarecedor,
principalmente por vc ter tido contato pessoal com alguns manifestantes.
referente
“Wang Dan, um dos líderes do movimento, assinalou que (nós não queremos derrubar o Partido Comunista ou o socialismo)”.
Os chineses acreditam que vivem em um país socialista ?
“acho” que a China deixou de ser socialista a muito tempo, só restou a ditadura de um único partido.
Essa é a China das mil faces. Quem é de esquerda vê um país capitalista que traiu os ideais socialistas. Quem é de direita vê a ditadura de um partido único. Quem é humanista vê um partido que nào respeita os direitos humanos e quem é ambientalista vê um país que degrada o meio ambiente. Mas temos de ver um país de 1,3 bilhão de habitantes com expectativa de vida crescente, baixa mortalidade infantil, alfabetizado, que forma 800 mil engenheiros por ano, com padrão de vida crescente. Tenho dúvidas de que, se os Estados Unidos tivessem de manter uma população desse tamanho, seria a democracia capitalista e a economia de mercado que é. Os Estados Unidos exterminaram os índios e tomaram seu território (os sioux e apaches não tinham o Dalai Lama!), já tiveram o macartismo, protegeram as mais sangrentas ditaduras no mundo, desde que anticomunistas, agora tem Guantanamo e censuraram a imprensa descaradamente na invasão do Iraque. Em termos acumulados, são os maiores polulidores do mundo e cada americano emite cinco vezes mais carbono do que um chinês. Mas são considerados um modelo de democracia e sociedade livre. Importa menos o que você realmente é e muito mais o que você aparenta ser. E o sistema de vigilância que podemos ver na foto da praça da Paz Celestial é ostensivo! Hoje em dia em qualquer país ocidental você tem os mesmos sistemas, só que não tão ostensivos. São usados por questões de segurança antiterrorista, mas podem ser usados para outras finalidades, dependendo de quem estiver no poder! E as escutas telefônicas no Brasil, hein? Os chineses fazem muitas coisas erradas, mas a hipocrisia ocidental é vergonhosa.
concordo plenamente contigo J.Carlos !
Prezado João, a maioria dos chineses hoje não se interessa nem acredita mais em dogmas políticos. Nas universidades, os alunos chineses ainda são obrigados a cursarem disciplinas de teoria política (teoria marxista, socialismo científico), mas ninguém _nem mesmo os professores_ levam essas aulas a sério. Conheço um professor universitário de marxismo (hoje aposentado) que passava a maior parte das aulas ensinando aos seus alunos a investir na Bolsa de valores. Caso tenha interesse, escrevi um pequeno artigo sobre isso. Eis o link: http://cartadepequim.wordpress.com/2011/06/21/para-que-serve-a-educacao-ideologica/. Abraços, Eric
As versões podem ser muitas e, até, contraditórias. Mas o fato é que milhares de chineses foram mortos e feridos de forma cruel. Se as vítimas protestavam por democracia ocidental ou por um banho quente, pouca diferença faz. A atitude do governo chinês foi absolutamente desproporcional.
É uma pena que o articulista, por uma suposta opção de neutralidade jornalística – Eric, ter valores não é antijornalístico-, diminua a tragédia humana que se abateu sobre aquelas pessoas e chegue ao extremo de transformar as próprias vítimas em causadoras de sua desgraça. Apesar dos muitos “ismos” que pululam no mundo, parece que um está em falta, pelo menos nesta coluna, o humanismo.
Sds.
Prezado Luiz, não se trata de diminuir a tragédia ou discutir o grau de culpa de cada parte pelo desfecho. Se quisermos entender melhor os acontecimentos e o impacto do movimento de 1989, precisamos deixar de lado essa visão simplista que foi construída sobre os protestos. (Peço que leia a minha resposta acima aos comentários da Carla Ribeiro). Um abraço, Eric
Excelente artigo, Eric! O movimento refletiu as deficiências do sistema chinês em captar os anseios da sociedade chinesa. Se fosse um desejo legítimo de mudança radical, não se deteria pela repressão como sabemos por muitos exemplos no mundo e pelo exemplo da própria China em 1913, com a queda do imperador, e, em 1949, com a queda da República do Kuomitang. O anseio de mudança não se detém pela força. Depois do massacre, a liberdade de imprensa aumentou na China, e o Partido usa muito a imprensa para verificar os temas que mais interessam a população, inclusive existe um jornal com críticas mais agressivas que circula somente entre os principais líderes do PC. Já se passaram 23 anos, e o sistema político chinês continua firme e forte. Os chineses estão menos preocupados com democracia à moda ocidental e mais preocupados com os resultados práticos de melhoria que conseguem auferir. O que derrubaria o PC seriam resultados pífios na economia, aumento absoluto das desigualdades sociais. A China não tem nada a ver com o Egito, e Hu Jintao não tem nada a ver com Osni Mubarack. Conheço os dois países e sei do que estou falando. E a China também tem nada a ver com Cuba. Os ocidentais deveriam entender que a única coisa que pode derrubar o PC e colocar outra coisa no lugar, que receio não seja uma democracia à ocidental, são resultados da economia e a melhoria do nível de vida de todos os chineses. Quem manda na China desde os tempos dos imperadores são os mandarins, e a casca que vemos por fora, o império, a república e o partido, é apenas uma casca!
Puxa vida. Há tempos li artigos de revistas européias (França e Inglaterra) demonstrando que o Tibete recebe muito mais do que contribui para a China. E que não discriminam o Tibetanos. Agora , este artigo livrando o governo de culpa, transformando o movimento da praça da paz celestial num ajuntamento de jovens desocupados e desordeiros, num caso policial, francamente, fico a pensar quem esta com a razão.
No Tibet, são os chineses que exercem o ofício de guias turísticos, pois os tibetanos são proibidos de falar de seu próprio país aos estrangeiros. Vários amigos meus, que visitaram o Tibet, corroboram essa notícia. A cultura tibetana é mais respeitada na Índia e no Nepal que no próprio país de origem, face às perseguições sofridas.
Na amazonas brasileira, o guia eh feito por brancos e negros, que exercem o ofício de guias turísticos, pois os indios são proibidos de falar de suas próprias terras aos turistas estrangeiros. Vários amigos meus, que visitaram, corroboram essa notícia. A cultura indigena é mais respeitada na Europa e nos EEUU que no próprio país de origem, face às perseguições sofridas e dizimados.
Quem lê a coluna e os comentários, parece que na China existe democracia. Que democracia é esta de um só partido? e nomear o Irã, aí já é brincadeira.
Temos dezenas de partidos, que somados juntos, nao valem 1/2 partido de pais algum !
Propostas de mudanças não existem só na Democracia, mas em todos os sistemas de governos.
Reinvindicações não existem só na Democracia, mas em todos os sistemas de governos.
A cada ano, no começo de junho vamos ouvir o mesmo diapasão imposto pelo establishment ocidental – notadamente a norte-americana e a britânica – sobre o “Massacre de Tiananman”.
Mas, raciocinando de forma pragmática e sem entrar em ideologias, pergunto: tem como dar certo um movimento “popular” (coloco entre aspas, pois quando digo popular, me refiro a manifestação que seja espontaneamente do cidadão comum chinês e, que não seja orquestrado por uma meia dúzia em conluio com ativistas estrangeiros) num país que tá crescendo a 7%, 8% ou 9% ano e onde notadamente o povo em geral, tá preocupado em trabalhar e que tem tido efetivo aumento de renda, de conforto material, etc.?
Vendo o espírito pragmático dos meus amigos chineses, dificilmente imagino que um movimento que defenda conceitos pouco arraigados a sua cultura como liberdade e “democracia” possa dar certo por lá. Ainda se fosse por conquistas materiais…mas eles já crescem a 7% no mínimo…
Em 2009, por ocasião dos festejos dos 60 anos de poder do PCCh, o The Guardian (ou terá sido o Telegraph?) fez uma matéria – em vídeo on-line – onde nenhum dos quase uma dezena de entrevistados chineses “comuns” sequer mencionava democracia (falavam em progredir na vida e em ganhar dinheiro), deixando claro que os anseios por democracia é algo “ventriloquado” por gente de fora da China.
pois e ! o massacre ingleses em irlanda ninguem comenta ! nem comemoram internacionalmente !
Muito bom esse artigo. Por nos basearmos, normalmente, na visão ocidental dos fatos, temos a tendência de associar qualquer protesto contra governos ditatoriais com movimentos pró-democracia. No caso em questão, e em diversos outros na história recente – vide a Primavera Árabe, não é bem o caso.
Mais uma prova de que nossa mídia é vassala das pontências ocidentais. Na época eu estudava para o vestibular e me lembro que aqui se repetia o que se dizia lá (CNN, Times, etc). Vamos esperar para ver o que dirão daqui a 30 anos sobre o que acontece com o Irã de hoje.
É a nossa boa e velha mídia Ctrl + C, Ctrl + V.
Tirou da minha boca helder !
100% certo !
os norte-americanos e europeus não só continuam interferindo nos assuntos internos somente na China, mas em muitos outros paises do mundo !
Quem sera que planejou, orquestrou e comandou a “revolucao de 64” pela ditadura no brasil ?
Concordo com vc, Lucas, no que diz respeito à orquestração e influências estrangeiras em movimentos sociais dos mais diversos. Por exemplo, no Brasil, podemos concluir que a Revolução de 64 foi orquestrada pelos países que se opunham à implantação de regimes comunistas em toda a América Latina, que era orquestrada pelo Movimento Comunista Internacional, que à época tinha a URSS como baluarte e Cuba como ponta de lança.
a acao americana no golpe de 64 foi registrada e documentada no arquivo nacional, enquanto as suas “noticias” veiculadas sao suposicao e teses nao comprovadas.
Basta ver os resultados da época em que a América Latina era um quintal americano: pobreza para 99%, riqueza para o 1% que fazia o tipo de serviço que interessava aos Estados Unidos: enriquecê-los ainda mais. A história está repleta de golpes militares promovidos pelos americanos contra líderes — eleitos democraticamente — que parecessem preocupados mais com seu próprio país do que com os Estados Unidos. “Só um país nas Américas sempre esteve livre de golpes militares: o proprio Estados Unidos”.
A receita é sempre a mesma! Há o início com protestos pacíficos e depois os aproveitadores de sempre procuram ocupar o espaço e tomar as rédeas da situação. Aconteceu no Egito, onde as eleições estão sendo controladas e aconteceu na Síria, hoje. Seria muita ingenuidade acreditar que os que protestavam pacificamente na Síria teriam armas escondidas pra combater o regime. Quem iria resistir o momento e tentar colocar uma democracia controlada na China? Dá pra ter ideia do mercado consumidor daquele país?
Esclarecedor. Entre uma história contada e uma história bem contada a gente sabe o que acontece ou deixa de acontecer pelo caminho. Felizmente não faltam bons historiadores e jornalistas no mundo.
Muito interessante o seu artigo.
De um lado a luta autoritária pela manutenção do poder do PC, do outro, a falta de liderança entre os estudantes na busca por um ideal comum. Tanto a China quanto o Brasil carecem do diálogo entre o povo e o governo, independente do regime adotado pelo país.
Obrigado e parabéns pela coluna.
Muito bom o artigo.A´te que em fim vemos algum esforço paraa a objetividade.
É bom ter npresente que a grande mídia ocidental é controlada pela diplomacia americana.Os inimigos ,desta,são sabotados pela mídia, vide Venezuela, Irã ,Bolívia ec.