Censura chinesa tenta esconder negócios milionários da família do futuro líder
29/06/12 23:43Fabiano Maisonnave, de Pequim
A família do provável futuro líder máximo chinês, Xi Jinping, vem acumulando uma fortuna de centenas de milhares de dólares ao longo dos últimos anos, segundo extensa reportagem divulgada nesta sexta-feira pela agência de notícias Bloomberg.
A publicação provocou uma imediata e impressionante reação da censura chinesa, que bloqueou buscas na internet com o nome de Xi Jinping e o acesso a todos os sites ligados à Bloomberg.
Baseada em documentos públicos, a reportagem revela que parentes de Xi têm uma participação acumulada de US$ 376 milhões em empresas de setores tão diversos como imobiliário e telefonia.
O patrimônio inclui ainda 18% de uma mineradora de terras raras com ativos de US$ 1,73 bilhão e uma mansão em Hong Kong avaliada em US$ 31,5 milhões, entre outros negócios e bens.
Nenhum dos negócios está em nome de Xi, de sua mulher, a cantora do Exército Popular Peng Liyuan, ou da filha, que estuda na Universidade Harvard sob um nome falso.
O nomes que mais aparecem nos documentos são o da irmã mais velha de Xi, Qi Qiaoqiao, de seu marido, Deng Jiagui, e da filha do casal, Zhang Yannan.
Nada irrita mais a opinião pública chinesa do que relatos de enriquecimento de membros do Partido Comunista, cuja fortuna é geralmente ligada a atividades econômicas que dependem de concessões e contratos do governo. No país, a percepção generalizada é de que a desigualdade social vem aumentando devido à falta de oportunidades iguais. Quem está próximo do governo tem uma ampla vantagem.
O caso de Xi é ainda mais especial. Assim como o recém-expurgado Bo Xilai, ele é um dos “pequenos príncipes”, filhos de líderes históricos do Partido que se aproveitam das conexões familiares para impulsionar tanto a carreira política quanto os negócios.
O pai do vice-presidente é Xi Zhongxun. Já morto, participou da revolução comunista de 1949 e mais tarde se tornou general, mas caiu em desgraça com Mao e acabou preso nos anos 1960. Só foi reabilitado com a chegada de Deng Xiaoping, no final dos anos 1970.
É a primeira vez que uma reportagem detalha os negócios da família de Xi, atual vice-presidente e indicado para substituir Hu Jintao como líder máximo do governo e do Partido Comunista, provavelmente em outubro.
Ainda continua censurado, até o perfil na Wikipedia é impossível de acessar