China, parceira pouco entusiasmada de Chávez
06/10/12 21:20
Por Paula Ramón, de Olgii (Mongólia)
Em 38 anos de relações diplomáticas entre China e Venezuela, Caracas realizou sete visitas presidenciais a Pequim. Seis delas ocorreram a partir de 1999, o começo da gestão Hugo Chávez. Desde então, a balança comercial cresceu de US$ 1,9 bilhão para US$ 10,3 bilhões em 2010, ano em que o país caribenho se converteu no Estado recipiente do empréstimo mais alto emitido por entidades bancárias chinesas, cerca de US$ 20 bilhões.
A explicação desse aumento vertiginoso está nos empréstimos chineses com pagamento em petróleo, que já somam US$ 38 bilhões. Na base desse esquema está o Fundo Misto Sino-Venezuelano, criado em 2008 para obras de infraestrutura e até a compra de um satélite.
Mas esse intercâmbio comercial não é proporcional ao interesse chinês de investir na Venezuela, na opinião de Wang Peng, da Academia de Ciências Sociais da China, o “think tank” mais influente do país. Especialista em Venezuela, Wang afirma que as circunstâncias do país, que, por 12 anos, tem sido cenário de experimentação política, econômica e social do chamado socialismo bolivariano, estão afugentando os investidores chineses.
A afirmação contrasta com um Chávez que, em seu terreno, sempre se mostra confiante na fortaleza dos nexos estabelecidos com a China, país que, em seu discurso, ainda chama de “a nação de Mao Zedong”. De fato, suas descrições da China, após visitas à capital asiática, parecem tão pouco ajustadas à realidade que boa parte dos venezuelanos se surpreende ao escutar que Pequim está abarrotada de carros Audi e lojas Chanel.
Mais além disso, Chávez acelerou a relação comercial. No começo de sua gestão, em 1999, a balança com a China fechou em déficit de US$ 1,3 bilhão. Quatro anos depois, a situação se reverteu numa espécie de ponto sem retorno, com a ressalva de que os envios venezuelanos praticamente se resumem a petróleo.
Para colocar em números, basta olhar as cifras de 2008, ano en que o intercâmbio alcançou o máximo histórico de US$ 9,6 bilhões. As exportações venezuelanas somaram US$ 6,5 bilhões, mas apenas US$ 270 milhões eram de exportações não petroleiras, segundo o Banco de Comércio Exterior da Venezuela.
Ao todo, o petróleo representou 78,3% das vendas venezuelanas a China entre 2007 e 2009, de acordo com a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal). O país passou a exportar anualmente 1,2 milhão de toneladas de petróleo no início da gestão Chávez para 20 milhões uma década depois.
Alguns economistas venezuelanos têm criticado constantemente essa variação alegando que, além de crescente, essa aliança comercial nos términos estabelecidos não é favorável para a Venezuela. Pelo contrário, está se transformando numa camisa de força. A pergunta é se o país realmente tem capacidade para diversificar a balança e se a China está interessada em algo além do petróleo.
O analista chinês joga por terra as especulações e sentencia que os investidores chineses não têm interesse em fincar pé em terras bolivarianas. Afirma que o incremento da violência, as regras do jogo econômico e o ambiente político radicalizado e intolerante explicam a situação. Wang inclusive acredita que outorgar empréstimos ao governo Chávez é “um pouco arriscado, embora muito lógico proque o governo chinês quer assegurar o petróleo”.
De fato, entre 1990 e 2009 o investimento direto chinês na Venezuela foi de apenas US$ 240 milhões, segundo a Cepal. No Peru, país com dimensões semelhantes, o investimento vindo de Pequim alcançou US$ 2,3 bilhões. “Os riscos políticos na Venezuela são muito altos”, afirma Wang. “O governo [Chavez] está tentando centralizar o poder para controlar a economia. As empresas estrangeiras não podem obter dólares ou transferir seus lucros aos países de origem. As divergências políticas são fortes entre o partido governista e os da oposição. A situação doméstica realmente preocupa o investidor chinês”.
Wang também descarta a possibilidade _aventada por Chavez em sua aproximação inicial_ de que a China se transforme no padrinho político venezuelano em sua luta “contra o império”, numa relação similar entre a da URSS com Cuba na Guerra Fria. “A China compreende que uma parceria baseada na lógica política prejudicaria seus intereses no longo prazo, porque uma mudança de governo poderia arruinar toda a cooperação alcançada previamente. Então, na opinião de Pequim, os acordos entre China e Venezuela são altamente comerciais”.
Henrique Capriles Radonski, o opositor de Chávez neste domingo (7), se diz favorável a continuar a aproximação com Pequim, mas adverte que revisará os acordos em vigor. Caso haja incompatibilidade con o marco legal venezuelano, afirma, os acordos serão rediscutidos. Capriles adianta que os acordos creditícios sobre a garantia de envios petroleiros, por exemplo, contradizem o marco legal venezuelano.
Paula Ramón é jornalista venezuelana.
Para os ocidentais, principalmente a imprensa livre, tudo que ocorre na China eh orquestrado, exceto protestos contra o governo.
Cheguei a ler uma publica afirmando que o governo incentivaria cada barco pesqueiro com 100 mil yuans se cercassem as ilhas Diaoyu, quando na verdade eh o contrario, o depto de pesca ameacou multar os barcos caso eles cercassem e subissem nas ilhas.
E o que isso tem a ver com o articulo é?
E o que vc tem a ver com isso ?
Paula,
A Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo, 297 bilhões de barris, 18% participação mundial, e a economia vai muito mal,
por outro lado,
a Colombia, que não tem petróleo, e adota uma economia oposta a bolivariana vai muito bem, seu PIB acaba de ultrapassar a Argentina e já é o 2º maior PIB da América do Sul.
Hugo Chaves :
uma mente de terceira,
postulador de uma tese de segunda,
propagandeada por fanáticos de primeira”
Abs.