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por Fabiano Maisonnave

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Nem dilúvio limpa o ar de Pequim

Por Vista Chinesa
26/07/12 12:27

À esquerda, São Paulo num dia de inversão térmica; à direita, Pequim num dia normal (fotos: Rivaldo Gomes 27.ago.2010/Folhapress (esq.) e Fabiano Maisonnave 29.jul.2010/Folhapress).

Fabiano Maisonnave, de Pequim

A pior parte de viver em Pequim é respirar. Aos que me perguntam se o ar daqui é tão poluído quanto o de São Paulo, respondo sem o risco de exagero: os piores dias na capital paulista, aqueles de inverno com inversão térmica, são praticamente iguais aos melhores dias de Pequim.

Viver nestas condições transforma o simples ato de abrir a janela do apartamento em uma difícil decisão.  Nestes dias quentes de verão, em meio a uma grave crise de bronquite, não sei o que é pior: ligar o ar condicionado ou substituí-lo pela brisa poluída?

No inverno, quando a maioria dos dias é de temperaturas negativas, o dilema se transfere para o banheiro: é melhor deixar a janela aberta e enfrentar o ar gelado e podre  ou se encerrar com o terrível fedor que emana do ralo e que nem três encanadores conseguiram consertar?

Em pouco mais de dois anos aqui, acho que o problema está piorando. Fiquei ainda mais convicto  depois que Pequim submergiu sob a chuva mais forte a atingir a cidade em 60 anos, no último sábado.

O dilúvio de 16 horas ininterruptas deixou 77  mortos, provocou o cancelamento de mais de 500 voos e deixou um prejuízo de US$ 800 milhões, segundo números oficiais. Numa reação parecida à que se vê em São Paulo, nas horas seguintes, a enxurrada foi de críticas na internet contra o despreparo da cidade em lidar com a situação.

Para o bem ou para o mal _afinal, sou repórter_, desembarquei em Pequim algumas horas depois do dilúvio, no domingo de manhã. Ainda sem saber das notícias, pude ver várias ruas alagadas e sujas da janela do trem suspenso que liga o aeroporto à cidade (para inveja de São Paulo: apenas R$ 8 por uma viagem de 40 minutos). No alto, um raro e belo céu azul.

Depois de ver as imagens da enchente, a tragédia não me pareceu tão grande em comparação ao que estou acostumado no Brasil e em outras situações de enchente pela China. Sendo a capital do país, é natural mesmo que a repercussão seja maior, ainda mais porque muitos acham que a Pequim já é uma cidade de “classe mundial” após as Olimpíadas de quatro anos atrás.

O que me surpreendeu mesmo foi o pouco impacto que a chuva teve na poluição aérea, que aqui só alivia temporariamente depois de uma chuva torrencial ou de um vento forte.

De acordo a medição feita pela Embaixada dos EUA em Pequim, a qualidade do ar só permaneceu boa até as 14h da segunda-feira. Ou seja, a pior chuva em 60 anos só conseguiu manter Pequim saudável por dois dias. Desde terça-feira, o céu cinza se instalou novamente (e nesta quinta-feira está particularmente feio, num tom marrom brilhante).

Para quem mora aqui,  é mais do que lugar-comum falar mal do ar pequinês. Ver o céu azul é uma exceção em meio a sequências longas de dias cor de chumbo. Os mais assustados usam máscaras, os abastados compram purificadores e outros tantos acabam abandonando o país, principalmente quem tem filho pequeno e um passaporte estrangeiro.

O governo chinês reconhece o problema, mas tem pouco espaço de manobra. Com 70% da matriz energética movida a carvão e milhões de trabalhadores em fábricas altamente poluentes, qualquer medida mais radical teria um profundo impacto na economia.

A aposta, parece, é seguir o caminho de países ricos, como o Reino Unido e o Japão: crescer e poluir primeiro para limpar depois. Mas, dada a escala chinesa, com seu 1,35 bilhão de habitantes, a dúvida é se o país _e o planeta_ terão tanta flexibilidade desta vez.

About Vista Chinesa

A página Vista Chinesa é uma fonte de informação e análise sobre o principal parceiro econômico do Brasil. Conta com colaboradores calejados com a longa e cada vez mais frequentada ponte aérea entre os dois países e traz reportagens e análises produzidas pela Redação da Folha de S.Paulo, além de comentários do correspondente Fabiano Maisonnave, responsável pela edição.
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Comentários

  1. vera comentou em 26/07/12 at 2:00 pm

    Quem viver , verá!
    È possivel prever algo mais?
    Abraços

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